quinta-feira, 29 de julho de 2010

Capítulo IX – Procurando pelo improvável.

Quando estava saindo de casa, Frak lhe entregou o papel com o nome da jovem e o suposto endereço.
“Laurence – Av. Sir Ranulf Brand, 144.” E isso era tudo o que possuía sobre uma pessoa.
Evelyn finalmente chegou à sua sala. Mal poderia esperar por Jenssen, seu eterno e fiel escudeiro para mais essa missão. Jenssen foi o único que, desde o princípio, apoiava Eve em seus desafios para ajudar os jovens que freqüentavam a casa.
Todos sempre insistiam que Eve perdia tempo com os ‘marginais’. Que eles só estavam lá por obrigação e não porque esperavam que alguém iria entender as suas dificuldades e, além de tudo, motivar uma mudança de vida.
Evelyn nunca ligou para o que os outros diziam. Para ele, todos tiveram uma vida boa para entender qual seria o estopim para que um jovem cometesse algo contra um bom princípio.
“Jenssen, preciso de sua ajuda.”
Ele sorriu.
“Ah sim, nossa! Bom dia para você também Eve, como vai a sua vida?”
Eve retribuiu ao sorriso.
“Bobo! Sabe que sempre estou bem.”
“Sim, por isso seu sobrenome é felicidade.”
“Ahá! Essa foi boa!”
“Me diga princesa. O que traz sua honrada beleza em meu humilde castelo?”
“Jenssen, preciso que encontre em seus arquivos uma jovem.”
“Qual delas?”
“Aí está a questão. Não tenho muito sobre ela.”
“Isso não é problema. Tendo apenas o endereço consigo muita coisa pra você. Mas diga-me para que precisa?”
“Prometo que conto assim que conseguir tudo o que preciso. Não temos muito tempo.”
“Vai me colocar num problema?”
“Não.”
“Problema inclui perder o meu emprego.”
“Não Jenssen, fique tranqüilo.”
Ele suspirou.
“O que tem aí?”
Ela retirou de dentro da bolsa o papel que Frank havia escrito.
“Laurence, é?” ele indagou.
“Isso.”
Jenssen pareceu pensar sobre o nome, como se algo estivesse passando por sua cabeça.
“Jenssen?” Eve o chamou retirando-o do frenesi.
“Esse endereço…”
“Conhece? Sabe de alguma coisa?”
“Olha não é certeza, mas essa garota já deve ter passado por um de nossos psicólogos por mais de uma vez. Eu me lembraria desse nome.”
“Sabe em qual situação ela se envolveu?”
Ele pensou mais uma vez.
“Eve, essa garota não é normal. Até onde sei, ela se envolveu com tráfico de drogas e foi estuprada por um homem. Mas isso é o que ela afirma.”
“É exatamente isso o que estou procurando. Pode checar se esse endereço confere com o dela?”
“Claro, isso é fácil.”
“Obrigada Jenssen.”
“Me deve essa, Eve. Te ligo assim que conseguir o que precisa. E quando voltar, quero saber de toda essa sua curiosidade fio a fio.”
“Certo, contarei a você, amigo.”
Eve correu para sua sala, pegou o telefone e ligou para Frank, mal podia esperar para ter em mãos aquilo que precisava para salva-lo. Um homem tão bom quanto ele não merecia de maneira alguma um destino tão injusto.
“Alô?” Frank.
“Amor, sou eu. Acho que consegui o que procuramos.”
Eve pode sentir o espasmo de felicidade que ele teve ao telefone.
“Mas tão rápido assim querida?”
“Bom, Jenssen se lembra do nome dela. Disse que ela andou freqüentando este lugar por mais de uma vez.”
“Mas isso é ótimo, meu amor! Assim já sabemos de que não se trata de um fantasma. Céus, se não fosse por você.”
“Vamos por partes querido, ainda falta saber se o endereço confere com o que você me deu.”
“Sejamos positivos.”
“Volto a ligar para você assim que conseguir o endereço.”
“Tudo bem querida, aguardo.”
O tempo passou, mais devagar que o costume, tanto para Eve quanto para Frank. Esperar a ligação de Jenssen para avisar de que havia encontrado a ficha da garota estava lhe matando aos poucos. Aquela, definitivamente era a única esperança de ambos.
O tempo que passou em espera à fez pensar em o que aconteceria depois que encontrasse Laurence. Se Jenssen disse que a tal não era ‘flor que se cheire’, do que adiantaria tentar convence-la a contar a verdade no julgamento de Frank? Talvez ela nem se preocupasse em atende-la.
Esse, sem dúvida alguma, seria mais uma dificuldade que encontraria a frente. Mas por Frank não custava tentar. Ele dependia dessa tentativa.
O seu telefone tocou, apreensiva, delicadamente o retirou do gancho.
“Dra. Evelyn.”
“Eve, sou eu, Jenssen.”
“E aí? Conseguiu aquilo pra mim?”
“Foi fácil, da próxima vez que quiser me desafiar, traga algo mais difícil.”
Ela riu.
“Bobo. E o endereço? Confere?”
“Confere… e ainda consegui o telefone dela.”
“Mas e a possibilidade do endereço ou telefone serem velhos?”
“Zero. É obrigação dos pacientes que mantenham os endereços e telefones atualizados.”
“Ótimo. Isso é muito bom.”
“Ainda me deve explicações.”
“Não por telefone.”
Ele riu.
“Quer jantar comigo essa noite? Aí você aproveita e me conta o que está acontecendo.”
“Jenssen!”
“Desculpe, não resisti. Mas sem pressa meu anjo. Quando der, passe aqui pra gente tomar um café e conversarmos.”
“Tudo bem, eu prometo que assim que puder tomaremos um café juntos. Muito obrigada, amigo.”
“Sempre que precisar, Eve. Mas agora anote aí: 554632014. Laurence Richmore Smith.”
“Certo, anotado.”
Evelyn resolveu pegar suas coisas e ir para casa, decidira que não poderia dar essa notícia a Frank por telefone. Depois ela se resolveria com seu superior.
Chegou lá em questão de 20 minutos. Frank estava no sofá.
“Tenho ótimas notícias!” Ela disse indo ao encontro dele.
“E quais são?”
“Bem, além de conseguir confirmar o nome e o endereço… tenho o telefone dela.”
Ele se levantou do sofá rapidamente.
“Está brincando?”
“Não.Acho melhor até trocar de advogado, eu sou melhor que ele.”
Ele riu.
“Não conheço ninguém melhor do que você pra me defender.”
“Mas agora precisamos avançar um nível. Temos que convence-la a conversar com a gente.”
“Eve…”
“O que foi?”
“Isso é fácil. Basta ligar e dizer que é psicóloga do centro de menores.”
“Sim, mas o que quero dizer é convence-la a contar toda a verdade.”
“Nós daremos um jeito. Além do mais, use seus dotes de psicóloga.”
Ela abriu a boca para falar mas Frank à interrompeu.
“Pensamos nisso depois. Agora, vamos almoçar, juntos. Logo depois do almoço irei comunicar meu advogado e contar a ele o que conseguimos. Não se esqueça que hoje iremos jantar.”
“Meu trabalho já fiz. Hoje não preciso voltar ao centro. E, já que vamos jantar… numa ocasião tão especial, irei cortar meus cabelos, fazer as unhas e tudo mais que tenho direito.”
Ele sorriu.
“Tudo bem querida, te deixo em um salão assim que sairmos.”
“Certo.”
Eles se olharam por um minuto.
“Eu te amo, Evelyn. Você sempre será meu anjo.”

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