quinta-feira, 29 de julho de 2010

Capítulo IX – Procurando pelo improvável.

Quando estava saindo de casa, Frak lhe entregou o papel com o nome da jovem e o suposto endereço.
“Laurence – Av. Sir Ranulf Brand, 144.” E isso era tudo o que possuía sobre uma pessoa.
Evelyn finalmente chegou à sua sala. Mal poderia esperar por Jenssen, seu eterno e fiel escudeiro para mais essa missão. Jenssen foi o único que, desde o princípio, apoiava Eve em seus desafios para ajudar os jovens que freqüentavam a casa.
Todos sempre insistiam que Eve perdia tempo com os ‘marginais’. Que eles só estavam lá por obrigação e não porque esperavam que alguém iria entender as suas dificuldades e, além de tudo, motivar uma mudança de vida.
Evelyn nunca ligou para o que os outros diziam. Para ele, todos tiveram uma vida boa para entender qual seria o estopim para que um jovem cometesse algo contra um bom princípio.
“Jenssen, preciso de sua ajuda.”
Ele sorriu.
“Ah sim, nossa! Bom dia para você também Eve, como vai a sua vida?”
Eve retribuiu ao sorriso.
“Bobo! Sabe que sempre estou bem.”
“Sim, por isso seu sobrenome é felicidade.”
“Ahá! Essa foi boa!”
“Me diga princesa. O que traz sua honrada beleza em meu humilde castelo?”
“Jenssen, preciso que encontre em seus arquivos uma jovem.”
“Qual delas?”
“Aí está a questão. Não tenho muito sobre ela.”
“Isso não é problema. Tendo apenas o endereço consigo muita coisa pra você. Mas diga-me para que precisa?”
“Prometo que conto assim que conseguir tudo o que preciso. Não temos muito tempo.”
“Vai me colocar num problema?”
“Não.”
“Problema inclui perder o meu emprego.”
“Não Jenssen, fique tranqüilo.”
Ele suspirou.
“O que tem aí?”
Ela retirou de dentro da bolsa o papel que Frank havia escrito.
“Laurence, é?” ele indagou.
“Isso.”
Jenssen pareceu pensar sobre o nome, como se algo estivesse passando por sua cabeça.
“Jenssen?” Eve o chamou retirando-o do frenesi.
“Esse endereço…”
“Conhece? Sabe de alguma coisa?”
“Olha não é certeza, mas essa garota já deve ter passado por um de nossos psicólogos por mais de uma vez. Eu me lembraria desse nome.”
“Sabe em qual situação ela se envolveu?”
Ele pensou mais uma vez.
“Eve, essa garota não é normal. Até onde sei, ela se envolveu com tráfico de drogas e foi estuprada por um homem. Mas isso é o que ela afirma.”
“É exatamente isso o que estou procurando. Pode checar se esse endereço confere com o dela?”
“Claro, isso é fácil.”
“Obrigada Jenssen.”
“Me deve essa, Eve. Te ligo assim que conseguir o que precisa. E quando voltar, quero saber de toda essa sua curiosidade fio a fio.”
“Certo, contarei a você, amigo.”
Eve correu para sua sala, pegou o telefone e ligou para Frank, mal podia esperar para ter em mãos aquilo que precisava para salva-lo. Um homem tão bom quanto ele não merecia de maneira alguma um destino tão injusto.
“Alô?” Frank.
“Amor, sou eu. Acho que consegui o que procuramos.”
Eve pode sentir o espasmo de felicidade que ele teve ao telefone.
“Mas tão rápido assim querida?”
“Bom, Jenssen se lembra do nome dela. Disse que ela andou freqüentando este lugar por mais de uma vez.”
“Mas isso é ótimo, meu amor! Assim já sabemos de que não se trata de um fantasma. Céus, se não fosse por você.”
“Vamos por partes querido, ainda falta saber se o endereço confere com o que você me deu.”
“Sejamos positivos.”
“Volto a ligar para você assim que conseguir o endereço.”
“Tudo bem querida, aguardo.”
O tempo passou, mais devagar que o costume, tanto para Eve quanto para Frank. Esperar a ligação de Jenssen para avisar de que havia encontrado a ficha da garota estava lhe matando aos poucos. Aquela, definitivamente era a única esperança de ambos.
O tempo que passou em espera à fez pensar em o que aconteceria depois que encontrasse Laurence. Se Jenssen disse que a tal não era ‘flor que se cheire’, do que adiantaria tentar convence-la a contar a verdade no julgamento de Frank? Talvez ela nem se preocupasse em atende-la.
Esse, sem dúvida alguma, seria mais uma dificuldade que encontraria a frente. Mas por Frank não custava tentar. Ele dependia dessa tentativa.
O seu telefone tocou, apreensiva, delicadamente o retirou do gancho.
“Dra. Evelyn.”
“Eve, sou eu, Jenssen.”
“E aí? Conseguiu aquilo pra mim?”
“Foi fácil, da próxima vez que quiser me desafiar, traga algo mais difícil.”
Ela riu.
“Bobo. E o endereço? Confere?”
“Confere… e ainda consegui o telefone dela.”
“Mas e a possibilidade do endereço ou telefone serem velhos?”
“Zero. É obrigação dos pacientes que mantenham os endereços e telefones atualizados.”
“Ótimo. Isso é muito bom.”
“Ainda me deve explicações.”
“Não por telefone.”
Ele riu.
“Quer jantar comigo essa noite? Aí você aproveita e me conta o que está acontecendo.”
“Jenssen!”
“Desculpe, não resisti. Mas sem pressa meu anjo. Quando der, passe aqui pra gente tomar um café e conversarmos.”
“Tudo bem, eu prometo que assim que puder tomaremos um café juntos. Muito obrigada, amigo.”
“Sempre que precisar, Eve. Mas agora anote aí: 554632014. Laurence Richmore Smith.”
“Certo, anotado.”
Evelyn resolveu pegar suas coisas e ir para casa, decidira que não poderia dar essa notícia a Frank por telefone. Depois ela se resolveria com seu superior.
Chegou lá em questão de 20 minutos. Frank estava no sofá.
“Tenho ótimas notícias!” Ela disse indo ao encontro dele.
“E quais são?”
“Bem, além de conseguir confirmar o nome e o endereço… tenho o telefone dela.”
Ele se levantou do sofá rapidamente.
“Está brincando?”
“Não.Acho melhor até trocar de advogado, eu sou melhor que ele.”
Ele riu.
“Não conheço ninguém melhor do que você pra me defender.”
“Mas agora precisamos avançar um nível. Temos que convence-la a conversar com a gente.”
“Eve…”
“O que foi?”
“Isso é fácil. Basta ligar e dizer que é psicóloga do centro de menores.”
“Sim, mas o que quero dizer é convence-la a contar toda a verdade.”
“Nós daremos um jeito. Além do mais, use seus dotes de psicóloga.”
Ela abriu a boca para falar mas Frank à interrompeu.
“Pensamos nisso depois. Agora, vamos almoçar, juntos. Logo depois do almoço irei comunicar meu advogado e contar a ele o que conseguimos. Não se esqueça que hoje iremos jantar.”
“Meu trabalho já fiz. Hoje não preciso voltar ao centro. E, já que vamos jantar… numa ocasião tão especial, irei cortar meus cabelos, fazer as unhas e tudo mais que tenho direito.”
Ele sorriu.
“Tudo bem querida, te deixo em um salão assim que sairmos.”
“Certo.”
Eles se olharam por um minuto.
“Eu te amo, Evelyn. Você sempre será meu anjo.”

terça-feira, 13 de julho de 2010

Capítulo VIII - Ideia.

A noite se passou, no dia seguinte logo de manhã, Eve já havia acordado. Ela mal conseguiu dormir, ficara pensando em como poderia ajudar Frank. Eram quase oito horas da manhã quando, finalmente, teve a tão esperada idéia.
Fazia cerca de um ano que trabalhava no centro para jovens infratores. A resposta era simples, buscaria em todos os arquivos, o nome da, até então menor de idade, que acusou Frank. Se estivesse lá, poderia conseguir o endereço da mesma e ir atrás dela para tentar convence-la em contar a verdade no julgamento.
Evelyn sentiu-se determinada e iria até o fim desta busca. Acordou Frank.
“Meu bem, acorde! Acho que posso lhe ajudar.” Ela dizia repetidas vezes.
Ele abriu os olhos, acostumou-se com a luz do sol que adentrava o quarto e encarou Evelyn.
“Aconteceu alguma coisa, meu amor?”
“Não disse que a garota que lhe acusou é sua única salvação? Pois bem, eu trabalho no centro para menores, acho que posso conseguir onde ela mora.”
Ele fiou quieto e pensou por alguns segundos.
“Acha mesmo que pode conseguir isso?”
“Bem, você precisa primeiro me contar o que sabe sobre essa garota. Exatamente tudo.”
“O que não é muito. A única coisa que tenho é o primeiro nome e um endereço que há meses não consigo descobrir se é verdadeiro.”
“Pois bem. Anote o nome e o suposto endereço em uma folha qualquer. Só vou me colocar uma roupa e ir direto para o meu escritório. Lá eu peço para Jesse buscar nos arquivos tudo relacionado ao que você me der. Tudo bem?”
“Claro! Amor, eu posso ir junto com você?”
Ela pensou.
“Melhor ficar aqui e aguardar minha volta. Se você for comigo posso levantar suspeitas de algo. Os arquivos do centro estão sob decreto de sigilo. Ninguém, exatamente ninguém sem autorização pode buscar qualquer informação dentro dos arquivos.”
“Eu entendo. Mas você volta no almoço, certo?”
“Sim querido, mas não quer dizer que eu já traga o que você quer. Isso pode levar algumas horas.”
“Os arquivos estão todos no computador?”
“Os mais recentes estão todos, agora em relação aos mais antigos, alguns ainda estão sendo passados para o sistema, por isso Jesse pode demorar para achar algo.”
Evelyn se levantou. Abriu o guarda-roupas e retirou algumas peças para vestir. Estava ansiosa, com esperança de que fosse conseguir algo que pudesse salvar Frank.
Quando foi ao banheiro para escovar seus cabelos, ele à abraçou pela cintura e à beijou suavemente em seu ombro.
“Não sei o que seria de mim sem você, meu anjo. Espero realmente que consiga achar algo que possa me ajudar, mas, se por ventura não conseguir, agradecerei eternamente pelo seu esforço.”
Ela sorriu.
“Farei qualquer coisa por você, Frank.”
Eles sorriram se encarando no espelho.
“Vamos jantar fora hoje?” Ele perguntou.
“Jantar fora?”
“Sim. Comer algo diferente e ver pessoas diferentes.”
“Está dizendo que minha comida não é das melhores?”
Frank riu.
“Não, de maneira alguma. Mas quero conversar com você algo muito importante.”
“Em relação à sua audiência?”
“Não. Em relação a nós dois.”
“Nós dois?”
“Isso e sem mais perguntas. Hoje pela noite iremos jantar, já passamos por momentos de muita turbulência. Merecemos um momento de descanso.”
“Você leu meus pensamentos.”
“Estou acostumado a fazer isso.”
Evelyn riu exultante.
“Convencido.”
Ela se virou para olhar o rosto de Frank.
Se beijaram profundamente.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Capítulo VII – Passado.

Evelyn e Frank estavam abraçados no sofá, vendo um filme antigo que passava em um canal da tevê à cabo. O silêncio entre os dois reinava como paz para ambos, mas dentro da mente de cada um, dúvidas sobre o futuro estouravam em suas cabeças sem nenhuma resposta.
Era difícil poder ao menos imaginar como as coisas seriam daqui pra frente. Enquanto Eve tentava procurar uma solução, Frank apenas sentia-se feliz em meio a tanta preocupação. Ela o havia aceitado, mesmo com seu passado turbulento. Ela realmente era tudo aquilo que ele esperava ser.
“A sua audiência será daqui a um mês. Como se sente?” Ela por fim resolveu perguntar.
“Preocupado.”
“Amor, e todo esse tempo em liberdade, o que você fez? Eu digo, em relação ao trabalho.”
“Minha sorte é que sempre guardei dinheiro. Ainda tenho o bastante para viver por uns cinco anos sem fazer nada.”
“Entendo. E todas essas suas saídas durante a tarde? Para onde ia sendo que me dizia que ia em busca de emprego?”
Ele respirou. Sim havia mentido durante todos esses dias. Mas tinha um motivo de força maior.
“Conversar com meu advogado. Estamos tentando buscar a garota que me acusou de estupro. Ela é minha única salvação.”
“Certo. Você me disse também que foi acusado por porte de drogas, mas poderia ter pedido a Justiça que lhe concedesse um exame? Assim poderiam detectar que você não é usuário.”
Mais uma vez ele respirou fundo.
“Eve… querida, como lhe disse, eu não era o homem que você conhece hoje. Quando estava com Chapman eu usava drogas.”
Por um ou dois minutos Evelyn sentiu-se estranha. Era como se estivesse conversando com um de seus pacientes, os menores infratores e usuários de drogas.
“Que tipo delas?” Indagou-o.
“Todas. Mas não com freqüência. Às vezes eram umas, outras vezes eram de outro tipo. Mesmo se eu pedisse o exame, poderiam não ter sido detectadas em meu sangue, mas eu certamente seria acusado de tráfico.”
“Você está certo.”
Mais alguns minutos de silêncio.
“Sente-se arrependida por ter se envolvido comigo?”
“Não, de maneira alguma. Sei do que sinto por você e acredito em você acima de tudo.”
Ele sorriu e à beijou.
“Obrigado por fazer parte da minha vida, Eve.”
“Ambos somos agradecidos por termos um ao outro. Nós vamos encontrar uma saída.”
“Se Deus quiser.”

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Capítulo VI - Ana Chapman.

Dois meses haviam se passado e ela havia se mudado para o apartamento de Frank. Estavam tão unidos como ninguém nunca jurara que estariam. Mas como sempre dizem: a vida não é sempre um mar de rosas.
Em uma manhã de sexta-feira, a campainha de casa tocou. Evelyn estava sozinha e correu para atender a porta. Ela estava estudando um caso de um garoto novo na escola e demorou um pouco para se dar conta de que havia alguém na porta.
"Bom dia Sra.", disse um homem.
"Bom dia, em que posso ajudar?"
"O Sr. Brand está em casa?"
"Não, Frank teve um compromisso e está na rua."
"Bem…", ele pegou um papel de sua pasta e entregou para Evelyn, "poderia por favor entregar esta carta, assim que ele voltar?"
"Claro. Do que se trata?"
"É uma intimação para ele comparecer no tribunal… a audiência sobre o caso em que ele está envolvido já foi marcada. Será julgado definitivamente, enfim."
Evelyn sorriu sem compreender o que havia escutado.
"Audiência?"
"Sim, será o julgamento dele."
"Espere um pouco… julgamento de quê?"
"O réu Frank Brand está sendo acusado de estupro e porte ilegal de drogas. Ficou os últimos três anos aguardando julgamento preso e conseguiu responder em liberdade. Agora, será dada a sentença final. Culpado ou inocente."
Ela não soube o que falar, estava em estado de choque.
"Bem Sra. se me permite eu preciso ir agora. Tenha um bom dia."
Ele foi embora e ela entrou na casa trancando a porta logo atrás de si. Parecia não acreditar no que havia ouvido momentos atrás.
Isso só poderia ser um engano. Como ele, Frank, o homem mais doce que já conhecera na vida estava sendo acusado de estupro e porte ilegal de drogas? Por que ele não à contou sobre o fato?
Por fim, decidiu arrumar suas coisas e esperar Frank voltar, caso ele desse uma resposta firme sobre o que estava acontecendo, ela julgaria se ficaria ou não. Caso contrário, iria embora sem escutar nenhum tipo de explicação sobre as acusações.
Só conseguiu se concentrar na situação, quando ouviu os passos de Frank no corredor, como de costume, ele bateu na porta.
“Meu bem?” Ele à chamou.
O coração de Evelyn batia forte. Escutar a voz doce de Frank era como se nada mais existisse. Como poderia um homem como ele ser acusado de algo tão grave? Jamis imaginou que as mãos que lhe causavam calafrios poderiam ter feito mal a qualquer pessoa.
Colocando seus devaneios em seus devidos lugares, ela abriu a porta e o olhou apreensiva.
Ele não esperou que ela dissesse alguma coisa, apenas entrou, fechou a porta e à abraçou pela cintura.
“Você está cada vez mais linda, sabia disso?” Ele disse sorrindo e depois beijou-a.
Evelyn correspondeu ao beijo em primeiro momento, mas não permitiu que a magia de Frank à deixasse mais confusa ainda. Ela parou o beijo e o encarou séria.
“Algo aconteceu, querida?”
Ela não precisou dizer mais nada, apenas apontou em direção a intimação que estava sob a mesa de centro da sala.
Ele se direcionou para a mesa e apanhou o papel.
“Então… você já sabe de tudo?”
“Se eu já sei?”
Ele tentou se aproximar mas, Evelyn deu um passo para trás.
“Eve, querida… eu sei que eu errei em não ter contado antes mas, você precisa me escutar.”
“Você mentiu pra mim!”
“Não, não menti. Em momento algum eu menti pra você!”
“É com aspecto de devoção e piedade que adoçamos o próprio demônio¹.”
“Eve…”
“Você passou três anos em uma prisão e nem sequer se deu ao trabalho de me contar?”
“Eu tinha medo de sua rejeição.”
“REJEIÇÃO, Frank? Eu lido com esse tipo de situação praticamente todos os dias no meu trabalho… acha mesmo que eu não estou preparada para lidar com isso também?”
“Eu não quis em momento algum dizer isso a você.”
“Mas pareceu ser! Eu sempre digo que não devemos julgar uma pessoa por um erro ou…”
“Eu não sou culpado por essas acusações! Tudo pode levar a crer que sim, mas eu não sou!”
“Não?”
“Não. Bom, agora que você já sabe, eu lhe devo contar toda a história.”
Ela riu ironicamente.
“Já não era sem tempo. Finalmente um pingo de bom senso em seu caráter.”
“Me perdoe.”
Ela sentou-se no sofá esperando que Frank contasse o que havia acontecido. Ele, por sua vez, ficou em pé, andando de um lado para o outro e colocando seus pensamentos todos em seus devidos lugares para então, começar a contar o que acontecera em sua vida.
“Quando eu era fisioterapeuta, costumava sair muito com meus amigos de profissão. Foi em uma dessas saídas que eu conheci Ana Chapman. Ruiva, olhos azuis, o tipo de mulher que consegue enfeitiçar quem pretender. Eu era diferente do que me conhece hoje, não sabia até então o que era ficar preso por uma mulher, parecia que nada mais iria fazer sentido se eu não à tivesse por pelo menos uma noite. Não me importava se ela pertencia a outro alguém…” ele respirou fundo, como se tivesse prendendo dentro de si o enorme nojo que sentia por aquela mulher, hoje. Bem, nós conversamos por horas e por fim, decidimos ir para a minha casa… o resto eu não preciso te contar. O fato é que Ana era casada, isso eu descobri dias depois, mas se não fosse somente isso, descobri que ela era casada com um traficante de drogas e ela era uma assassina de aluguel. História de filme? Talvez. Mas eu pensei que amasse tanto que poderia faze-la ser diferente, ter uma vida… normal. Infelizmente não foi isso o que aconteceu, ela só me dizia promessas sem pé nem cabeça e estava ficando obcecada por mim, era tanto que fiquei preocupado, olhava para todos os lados da rua antes de sair de casa. Não demorou muito para que o marido dela descobrisse tudo. Eu decidi acabar com aquilo, estava cansado e percebi que havia me transformado em um monstro, sentia nojo de meu próprio ser. Ela se sentiu furiosa, disse que ia acabar com a minha vida. Pensei que ia me matar, mas ela não deixou as coisas tão fáceis, fez pior. Conseguiu fazer com que provas me acusassem de estupro em uma menor de idade. Uma garota que eu nunca vi na minha vida. Depois, fui acusado de porte de drogas…” Ele ofegou. “É fácil de imaginar como ela tenha feito isso. Escondeu-as dentro do banco de passageiro do meu antigo carro. Ninguém acreditou em mim, até porque existiam provas, que eu nunca consegui contrariá-las para mostrar que sou inocente. Fui preso, humilhado, minha família sentiu desgosto pela minha existência, desde então, passei a ter uma vida de solidão. O ódio tomou conta de mim, era o que me alimentava durante os três anos que fiquei na cadeia. O advogado que me defendeu, também tomou conta do meu dinheiro e, com isso, eu consegui pagar os honorários dele. Enfim, ele conseguiu com que eu respondesse o processo em liberdade. E aqui estou.” Frank sentou-se.
Eve nem sabia o que dizer, ela realmente lidava com esse tipo de situação quase todos os dias, mas nunca, definitivamente nunca pensou que passaria por isso. Ela amava Frank, acima de tudo, e de certa forma convenceu-se com a história.
Dentro de si, algo lhe dizia para ajuda-lo. Talvez houvesse algo que pudesse fazer. Por hora decidiu levantar. Caminhou com passos leves até ele, Frank também se levantou, e os dois deram um abraço ávido.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Capítulo V - Amanhecer.

Evelyn acordou com os primeiros raios de sol que batiam em sua janela, tentou espreguiçar-se mas algo colidiu com o seu joelho no começo do ato. Lembrou-se da noite anterior, lembrou-se de cada toque que Frank deu em seu corpo, cada beijo, cada palavra proferida que acabou atingindo-a como um delicioso afago.
Ele não reagiu ao impacto da perna dela com a sua, apenas respirou fundo e pareceu continuar dormindo como um bebê. Sim, a noite foi longa e ambos estavam exaustos.
Evelyn o observava intensamente, olhando cada detalhe de seu rosto, pescoço, peito… tudo. Passou delicadamente os dedos sob uma cicatriz que ele tinha no canto esquerdo da boca, cicatriz pequena, visível apenas para quem à olhasse com atenção, assim como ela estava fazendo naquele mesmo momento.
Frank abriu os olhos, acostumou-se com a luz solar no quarto e depois sorriu, um sorriso que a fez perder o fôlego.
"Bom dia…", ele disse.
"Bom dia."
"Dormiu bem?"
"Sim, e você?"
"Dormi tão bem como não dormia há anos. Você foi incrível", disse acariciando-a na face.
Ele percebeu uma pontada de tristeza nos olhos dela, foi como o apagar de uma luz em um campo cheio de flores.
"O que foi?" ele indagou.
"Nada."
"Vamos, pode falar."
Evelyn suspirou.
"Como ficam as coisas agora? Quer dizer, você se levanta dessa cama, coloca a sua roupa, passa pela porta da sala e nunca mais nos veremos novamente. É isso?"
"Não."
"Não? Como, não?"
"Não, oras. É só pedir para mim ficar, que eu fico. Mas se quiser que eu pegue minhas roupas e vá embora para nunca mais aparecer em sua vida, farei isso também, apesar de que não seja minha vontade."
"Qual a sua vontade, Frank?"
"Ficar aqui com você… para sempre, mais que isso talvez", sorriu.
"Não sei se…"
"Evelyn, entenda. Nós somos donos de nossos narizes, podemos fazer o que bem entendemos. Se as outras pessoas acham errado você ficar com uma pessoa só porque há conheceu em menos de 24 horas, bem… o que isso importa? Não seremos nem os primeiros e nem os últimos. Quer ficar comigo hoje? Tudo bem, eu fico. Quer ficar comigo sempre? Ótimo, farei com todo o meu prazer. Mas se quiser que eu vá embora por aquela porta me diga agora, olhando nos meus olhos. O que você quer Evelyn? Diga-me, o que quer?"
"Você", foi tudo o que ela disse, ou tudo o que deu tempo de responder. Frank tomou-lhe os lábios dando um beijo profundo que mais se parecia com uma promessa de amor eterno.
"Finalmente encontrei você", ele disse.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Capítulo IV - Refletindo.

Passaram a noite inteira conversando e acabaram dormindo juntos mas, desta vez, na cama de Evelyn. Quem os visse daquele modo poderia jurar que os dois se conheciam a anos, que realmente foram feitos um para o outro. Enxergar isso seria fácil para ambos, mas, aceitar isso seria algo totalmente diferente.
Evelyn não era daquelas mulheres que consideramos "normais", apesar de ser psicóloga. Uma porque já tivera tantos outros namorados e nenhum deles soube suprir suas necessidades. Essas necessidades não se resumiam em sexo mas sim em aceitação de todo e qualquer defeito. Manias, tipos de personalidade a cada dia, tiques… sempre houvera algo que a impedisse de ter uma vida conjugal com um homem.
O outro motivo seria por Evelyn ser totalmente e extraordinariamente dedicada ao trabalho na escola para menores infratores. Aquilo trabalho à deixava exausta todos os dias e exercia grande parte de seu tempo no cotidiano. Problemas, problemas e ameaças até. Recebera inúmeras delas muitas vezes por apenas passar um "sabão" em um dos adolescentes que acompanhava na escola. Apesar disso, nunca desistiu desse cargo e sempre seguiu em frente, acreditava que se aquela situação fosse mudar, seria começando por ela mesma.
De uma hora para outra conheceu Frank, o doce Frank. Ele era engraçado, espontâneo, à entendia perfeitamente tanto na comunicação social quanto corporal e nada previsível nas falas e nas ações, como tantos outros foram. Fora que ele era lindo, tinha um corpo incrível e era um mestre no sexo. Definitivamente ele à enfeitiçara em menos tempo que qualquer outra pessoa fosse capaz de fazer.
Para Frank, encontrar Evelyn justamente naquela fase perturbadora de sua vida era algo perigoso. Ele não queria envolvê-la em problemas, mas também não queria apenas se envolver com ela e sumir num passe de mágica. Ela nem de longe se parecia com nenhuma das mulheres que teve no passado. Esteve tanto tempo longe de um corpo feminino que ela realmente pode completá-lo fisicamente e mentalmente.
Evelyn sempre foi o tipo de mulher com quem sonhara um dia. Casar-se, morar em uma casa bonita e confortável, ter filhos talvez, por que não? Ela era a mulher que procurou por toda a sua vida e finalmente encontrou-a. Estava decidido em ser participativo na vida da mesma e faria qualquer coisa para que ela o aceitasse plenamente e completamente.
Queria também esquecer por tudo o que passou na prisão, por três anos. Depois de tanto tempo de sofrimento, conseguiu liberdade condicional e responderia o processo em liberdade.
Há exatamente quatro anos atrás, envolvera-se com uma mulher por quem se apaixonou cegamente. Seu nome era Bridget, uma jovem que na época tinha 20 anos de idade.
Por um ano tiveram um caso e, depois que descobriu que Bridget era integrante de um grupo de assassinos por encomenda, tentou se afastar mas era tarde demais. Por raiva, a garota armou uma cilada para Frank, onde o mesmo saiu culpado por um estupro em uma menor de idade e por ser portador de drogas. Mesmo sem antecedentes criminais e pelas aparentes provas contra sua inocência, fora mandado para a prisão e ficara por lá três anos.
Decidido a guardar para si o que acontecera por medo de rejeição, adotou uma vida secreta, totalmente diferente daquela que levava antigamente.
O que persistia em sua mente naquele momento deitado na cama de Evelyn, com ela em seus braços, era uma cruel e incansável dúvida:
Poderia entregar-se aquele amor e deixá-la a parte de tudo o que sofrera nesses últimos anos? Valeria a pena arriscar-se tanto?
Por hora, fechou os olhos e estreitou-se mais ao corpo dela, voltando ao doce e puro sono.

Capítulo III - Aproximação

  Assim que chegaram no apartamento de Evelyn, não tiveram tempo nem para colocarem as coisas no lugar. Frank agarrou-a pela cintura, puxou-a contra si e ergueu-a. Ela se entregou ávida e enterrou os dedos nos cabelos dele. Depois de um tempo assim, colocou-se na ponta dos pés e segurou-lhe a cabeça com força, obrigando-o a aprofundar o beijo. Ele cambaleou um pouco, parecendo aturdido.
Com o sangue pulsando nas veias, Frank à conduziu ao sofá e à fez deitar-se, sem jamais descolar os lábios de ambos. Dirigiu os beijos para a orelha dela e depois ao pescoço, ofegante, suspirou ao desabotoar os botões da blusa, jogar a mesma longe do sofá, lhe tirar o soutien  e capturou um mamilo. Evelyn gemeu e arqueou o corpo. Ele sugou o suculento bico do seio, apalpou o outro seio, ergueu-o e abocanhou-o.
“Era isso o que queria quando me trouxe pra cá?” indagou ele, rouco, chupando o seio.
Evelyn enterrou as mãos nos cabelos dele e lançou a cabeça para trás, delirando.
“Sim”, sussurrou, “era, sim...”
Ele parou por um instante e se livrou das próprias roupas, ficando nu em alguns minutos. Ela ficou excitada ao ver a masculinidade de Frank totalmente exposta, seguiu o exemplo dele e tirou o resto das roupas também.
     Ele voltou para o sofá colocando-se sobre Evelyn novamente, obrigou-a a afastar as pernas até criar um ninho para si.
    “Espere…”, ela disse num resfolego.
    “Algo errado?”
    “Nós… precisamos… de… preservativo.”
    Ele à beijou novamente e sorriu.
    “Espere um momento”, ele disse, novamente se levantando.
Frank apanhou seu casaco do chão e retirou um preservativo do bolso mas, antes que abrisse ela o tomou das mãos.
“Deixe-me fazer…”, ela disse.
Evelyn rasgou o pequeno envelope e, lentamente, usando ambas as mãos, envolveu o membro viril e retesado.
Posicionando-se sobre ela novamente, obrigou-a a afastar as pernas criando um ninho para si.
“Você cheira tão bem...”, sussurrou, beijando a pele macia. “Tem um gosto doce, principalmente nessa região...”,  lambeu a pele junto ao pescoço.
Evelyn riu sentindo cócegas e ajeitou os cabelos dele com os dedos.
“Alguém já disse o quanto é linda? O quanto é irresistível?”
“Bem, na verda…”, ela não conseguiu terminar pois ele tomou-lhe os lábios, calando-a.
“Você é linda e irresistível”, ele disse sorrindo.
“Pare com isso, eu não sei o que dizer…”, ela sorriu envergonhada.
“Não seja insegura… quem é a psicóloga aqui?” e beijou-lhe o pescoço.
“Frank…”, sussurrou.
“O que foi?” e sugou-lhe o mamilo novamente.
“Eu quero…”
“O quê?” disse pressionando o pênis contra a feminilidade dela. “Quer isso?”
“Sim…”, ela gemeu.
Frank beijou-a com sofreguidão e por fim, penetrou-a. Evelyn deu um grito de gemido mas foi abafado pela boca dele. Ele fazia movimentos leves e fortes ao mesmo tempo, alcançando o âmago de seu ser.
Ambos atingiram o êxtase juntos e ficaram ali por um bom tempo, recuperando as energias.
Ofegantes, os dois se olhavam incansavelmente, ambos sorrindo de leve.
"Só para ressaltar e deixar bem claro que eu não faço sexo com garotas de um jeito fácil como fiz com você…", ele disse e ela entendeu errado mas, antes de protestar calou-a colocando um dedo sob os lábios dela. "Não estou dizendo que você não significou nada, eu quis dizer que não vou para a cama com qualquer uma. Mas você Evelyn, senti uma ligação com você assim que à vi naquela fila. E eu também não costumo dizer isso para as mulheres até porque, fazem cerca de três anos que não tenho um relacionamento sério com ninguém."
"Você está querendo dizer que…"
"Que eu seria capaz de pedi-la em casamento agora, se você assim desejasse."
Ela caiu na risada.
"Casamento? Você nem me conhece."
"Claro que conheço, você é a Evelyn, tem quase 24 anos, nasceu em Liverp…"
"Certo, mas digamos que não me conhece tão pessoalmente. Podemos dizer que me conhece por fora."
Ele sorriu maliciosamente.
"Errado. Acabei de conhecê-la por dentro…", e beijou-lhe a boca.
Evelyn interrompeu o beijo com outra risada.
"Você é tão espontâneo que chega a ser engraçado."
"Depois a gente conversa sobre isso, onde fica o banheiro?"
"Siga o corredor, é a última porta à direita."
"Não saia daqui, eu já volto."
Frank se levantou e foi para o banheiro.
Evelyn também se levantou, apanhou a camisa dele no chão e vestiu-a. Foi para a cozinha e pegou uma garrafa de vinho. Demorou um pouco tentando abrir a garrafa mas foi interrompida por Frank que, por trás, abraçou-a pela cintura dando leves mordidinhas na orelha dela ao mesmo tempo.
"Precisa de ajuda?" indagou.
Evelyn se virou, ficando de frente para ele e baixou o olhar verificando que não estava mais nu, usava a calça jeans de antes.
"E para que mais servem os homens, depois de dar prazer?" ela respondeu sorrindo.
Ele entrou na brincadeira.
"Meros instrumentos sexuais e de consertos", disse.
Ela o beijou, levantando um pouco a ponta dos pés para alcançar-lhe a boca.
"Abra a garrafa de vinho, estarei esperando na sala. As taças estão naquele armário…", disse apontando, "na segunda porta."
"Dois minutos", ele disse um pouco enfeitiçado por ela estar tão perto de sua boca.
"Estarei contando", disse saindo da cozinha e se dirigindo para a sala.